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Janela Indiscreta
 
sábado, setembro 20, 2003  
Michael Jackson Baby Drop!



Um jogo de apanhar bebés e deixar cair aranhas - aqui!


posted by camponesa pragmática on 23:45


 

© Rein Paalman

O Outono está a chegar, devagarinho como eu gosto. Desci a bela Rua D. Pedro V. Os plátanos mudam de cor e há folhas no chão. O vento ainda é morno.

Comprei bolo lêvedo (no Passeio Alegre) e vinho do Douro, hoje ao jantar vai-se falar muito da Graciosa.

E comprei uma cassete para gravar Sons: telefones, máquinas em parque de diversões, vento, riacho, mar, avião, torre de controlo, elevador, comboio, sirene de barco, Corvette 62', som original do apresentador do espectáculo de Elvis Presley - 1957: Elvis has left the building.

posted by Anónimo on 19:02


 


A primeira vez que ouvi a Vera Lynn cantar “We’ll meet again” foi no fim do filme de Stanley Kubrick “Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb”, quando o impensável acontece.

Só um génio como o Kubrick poderia ter escolhido uma canção tão certa e, no entanto, tão amarga.

The Doomsday Machine is triggered and the world is destroyed. A chorus of H-bomb mushroom clouds [unclassified stock newsreel footage from 1963 including the original Trinity test in 1945, other atmospheric explosions, and the Bikini Island blast] spread as multiple explosions detonate around the world [endless orgasms?], annihilating and causing oblivion by radioactive fallout to millions of people. The popular, comforting WW II tune “We'll Meet Again Some Sunny Day” [originally recorded by singer Vera Lynn] plays in incongruous juxtaposition:

We'll meet again, don't know where, don't know when
But I know we'll meet again, some sunny day
Keep smiling through, just like you always do
Till the blue skies drive the dark clouds far away
So will you please say hello to the folks that I know
Tell them I won't be long
They'll be happy to know, that as you saw me go
I was singing this song...


posted by Anónimo on 18:35


 
sob escuta




A semana passada o Francisco Amaral passou esta versão.
Hoje regresso à Nina Simone


Wild is the wind (Dimitri Tiomkin – Ned Washington) 06:57
Rudy Stevenson (guitar); Lisle Atkinson (bass); Bobby Hamilton (drums.
Recorded March 21, 1964 at Carnegie Hall, New York City. Original-LP issue: Wild is the Wind Philips PHS 600-207; available on CD: Wild is the Wind/High Priestess of Soul (2 LPs on 1 CD) Mercury 846 89-2

posted by Anónimo on 16:02


 
No meio da noite não é o silêncio...
é o barulho do coração


Criámos, juntamente com o Mário Filipe , um blog “para a continuidade da IF”. É um blog que servirá para juntar toda a informação sobre a IF: notícias, depoimentos, opiniões, ideias,…
É um blog aberto, todos podem (e devem) entrar e escrever.

Acreditamos no Francisco Amaral, acreditamos na Íntima Fracção e acreditamos que é possível fazer programas de rádio, na rádio.

A emissão está no ar. O microfone é vosso

posted by Anónimo on 10:09


 


A nova grelha da TSF arranca no próximo mês. Ainda não consegui saber se a Íntima Fracção se mantém ou não. Temo o pior. Hoje ainda há emissão. Para ouvir, para gravar, para guardar. Até quando? Que som se irá sobrepor à música logo à noite?

posted by Anónimo on 10:08


 
for your eyes only



"Prime Minister, I must protest in the strongest possible terms my profound opposition to a newly instituted practice which imposes severe and intolerable restrictions upon the ingress and egress of senior members of the hierarchy and which will, in all probability, should the current deplorable innovation be perpetuated, precipitate a constriction of the channels of communication, and culminate in a condition of organisational atrophy and administrative paralysis which will render effectively impossible the coherent and co-ordinated discharge of the functions of government within Her Majesty's United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland."


posted by camponesa pragmática on 01:59


 
sob escuta:

I am he as you are he as you are me
and we are all together
See how they run like pigs from a gun
see how they fly
I'm crying
Sitting on a cornflake
Waiting for the van to come
Corporation T-shirt, stupid bloody Tuesday
Man you've been a naughty boy
you let your face grow long

I am the eggman
they are the eggmen
I am the walrus
Goo goo g' joob

Mr. city policeman sitting
pretty little policemen in a row
See how they fly like Lucy in the sky
See how they run
I'm crying
I'm crying, I'm crying
Yellow matter custard
Dripping from a dead dog's eye
Crabalocker fishwife
Pornographic priestess
Boy, you've been a naughty girl
you let your knickers down

I am the eggman
They are the eggmen
I am the walrus
Goo goo g' joob

Sitting in an English garden
waiting for the sun
If the sun don't shine you get a tan
from standing in the English rain

I am the eggman
They are the eggmen
I am the walrus
Goo goo g' joob

Expert, texpert choking smokers
don't you think the joker laughs at you
See how they smile like pigs in a sty
See how they snide
I'm crying
Semolina pilchard
climbing up the Eiffel tower
Elementary penguin singing Hare Krishna
Man, you should have seen them kicking
Edgar Allen Poe

I am the eggman
They are the eggmen
I am the walrus
Goo goo g' joob
Goo goo g' joob
Goo goo g' goo
goo goo g' joob goo
juba juba juba
juba juba juba
juba juba juba juba
juba juba


posted by camponesa pragmática on 01:19


sexta-feira, setembro 19, 2003  


Quinta das Lágrimas

posted by Anónimo on 17:03


 
ondas curtas

1.
Quando perdemos um amigo deviamos ter sempre a hipótese de o reclamar nos perdidos e achados.

2.
Com o outono chegam as romãs. As belas e rosadas romãs.
Por detrás da casca, embrulhadas em finas películas amarelas: pequenas perolazinhas doces.



3.
Prevê-se um fim-de-semana cinéfilo. “Sabe-se lá”, o filme de Jacques Rivette está no Bom Sucesso para rever com muito prazer.
“Adeus, Lenin!” estreia hoje e no domingo, ah sim, no domingo “O vento levar-nos-à” à Casa das Artes. O reencontro com Kiarostami.



posted by Anónimo on 12:58


 
um repórter lírico

A partir de hoje contamos com mais um colaborador na Janela Indiscreta. É um rapaz de maneiras afáveis, um bocado aluado e sonhador. Descobre notícias incríveis e tem um leque de fontes invejáveis. No entanto, não consegue emprego nos jornais porque o que ele escreve “não se enquadra com o nosso tempo”, dizem-lhe com descarado pragmatismo. E as portas das redacções fecham-se no mesmo tom seco.

Quando nos apareceu pela frente trazia um cordão desapertado (que eu vi), e dois pêlos de gato na camisola. Assobiava uma canção do Lou Reed just a perfect day / drink Sangria in the park / and then later when it gets dark, we go home…

Gostámos logo dele. É o nosso Repórter.

posted by Anónimo on 12:56


 
Aki Kaurismäki



Logo às 23h40 no arte: Cinéma, de notre temps. Um documentário sobre Aki Kaurismäki

Les films d'Aki Kaurismäki se sont imposés dans les festivals du monde entier: Ariel à Moscou en 1989, la Fille aux allumettes en 1990 à Berlin, Tiens ton foulard Tatiana (1994), Au loin s'en vont les nuages (1996) et l'Homme sans passé (2002) à Cannes... C'est après avoir pratiqué les métiers les plus divers que Kaurismäki se tourne vers le cinéma. Il s'installe à une centaine de kilomètres d'Helsinki, à Markkila, et rachète certains bâtiments désaffectés de ce centre métallurgique sur le déclin: une caserne de pompiers, une poste, des maisons, un hôtel, des cafés. Petit à petit, il y construit son univers cinématographique personnel. Il fonde une société de production et de distribution, Villealfa (baptisée ainsi en hommage à Jean-Luc Godard). Aujourd'hui, avec l'aide de son frère Mika, il produit un cinquième de tous les films finlandais. Dans ses films, sur un mode souvent excentrique, Aki Kaurismäki parodie des genres variés, du road movie au film noir, du drame social au film rock. Son humour et son regard fraternel sauvent de l'absolue noirceur les personnages de Finlandais lugubres et gros buveurs qu'il met en scène. Guy Girard, assisté de l'historien de cinéma finlandais Peter von Bach, s'entretient avec Aki Kaurismäki. Il le filme principalement à Markkila, s'attachant à faire ressortir comment l'univers qu'il y a mis en place devient la substance même de ses films, créant des situations et une atmosphère qui viennent nourrir ses personnages.

posted by Anónimo on 08:27


 


Hoje com o Público.

posted by Anónimo on 08:15


 

post mais aguardado:


a análise das Lições das Trevas de François Coupérin, com diversas interpretações.
Uma obra genial, interpretações entre o excelente e o muito interessante. Desde Gerard Lesne, até Michel Chapuis, passando por Chistophe Rousset acabando em Olivier Vernet, uma obra encantatória, deslumbrante, em não menos deslumbrantes revelações. Preparo excertos comparados para se poderem ouvir aqui, diz o Crítico.

Nós aguardamos com ansiedade.

posted by Anónimo on 08:09


quinta-feira, setembro 18, 2003  
Fanny e Alexander (V)




A 10 de Novembro, escrevo o seguinte:
Penso amiúde em Ingrid Bergman. Ainda gostaria de escrever um roteiro para ela que não fosse demasiado fatigante. Quando penso nisso, vejo uma varanda, é verão e está chovendo. Ela está só, esperando que os filhos cheguem. Os filhos e os netos. A acção se passa à tarde, todo o filme decorre nesta varanda, tendo a mesma duração que a chuva que está caindo. A natureza se mostra deslumbrante, envolvida, como está, por esta branda garoa. Ela começa por falar ao telefone. A família saiu para fazer uma excursão pelo lago. Ela fala com um amigo de há muito anos, que é muito mais velho do que ela. Existe grande intimidade entre ambos. Depois ela escreve uma carta. Encontra um objecto. Recorda a noite, num teatro, em que fez uma actuação memorável. Olha-se nas vidraças – e vê-se como quando era jovem.
O motivo por que ficou em casa é ter torcido um pé, mas, no fundo, acha agradável estar sozinha.

No final do filme ela avista a família que regressa da excursão. Continua chuviscando, embora já pouco.
Todo o filme se desenrola numa atmosfera positiva.
Uma varanda no verão, tudo envolto num brando claro-escuro. Neste filme não haverá contornos duros, será tudo tão suave como a própria chuva. Uma menina da vizinhança vem perguntar pelas crianças da casa. Eta trouxe consigo amoras e recebe, por sua vez, um pequeno presente. A criança está molhada, toda ela cheira bem. É uma vida pacífica a que se descreve. Uma vida sem mal, modesta, quase inconcebível. Quando observa as mãos da menina, ocorrem-llhe pensamentos invulgares, coisas que nunca lhe passaram pela cabeça. Um gato está deitado no sofá, ouve-se o tique-taque de um relógio, a fragância estial é forte. Depois, junto à porta que dá acesso à varanda, ela olha para o carvalho que cresce na encosta, para o pequeno cais de madeira junto ao lago, para a enseada. Tudo é tão seu conhecido, são coisas que vê diariamente e, contudo, parecem-lhe tão novas e inesperadas. Essa saudade misteriosa que emana de uma solidão repentina.
Isto parece ser outro filme, independente do primeiro, mas é material que acabei por usar em “Fanny e Alexander”. A decisão de descrever o lado luminoso da existência surge logo no início, no momento em que me é difícil suportar a vida.


Ingmar Bergman, “Imagens”
© Martins Fontes

posted by Anónimo on 23:23


 
Só criando. O que me custou e me custa ainda constantemente mais sofrimento, é dar-me conta de que é infinitamente mais importante conhecer o nome das coisas do que saber o que elas são. A sua reputação e o seu nome, o seu aspecto e a sua importância, a sua medida tradicional, o seu peso geralmente aceite - todas as qualificações que estiveram na origem dos frutos do erro e do capricho na sua maior parte, roupagens que se lançaram sobre elas sem tomar a precaução de as adaptar à sua essência e nem sequer à sua cor de pele - tudo isso, à força de ser acreditado, de se transmitir, de se fortificar em cada nova geração, acabou por se identificar com as próprias coisas, acabou por formar o seu corpo; a aparência primitiva acabava sempre por se tornar a essência e fazer o efeito da essência! Bem louco quem acreditasse que basta recordar essa origem e mostrar esse véu nebuloso da ilusão para destruir o mundo que passa por essencial, a que se chama «realidade»! Só criando o podemos aniquilar!... Mas não esqueçamos também isto: é que basta forjar nomes novos, novas apreciações e novas probabilidades para criar também com o tempo «coisas» novas.

Nietzsche, A Gaia Ciência
(trad. Alfredo Margarido/ Guimarães Editores)

posted by camponesa pragmática on 18:46


 


A zero em comportamento tem no 222 um inquérito aos espectadores. A Marta entregou logo o dela, mas eu trouxe o meu e ainda bem. É que apesar de parecer simples este inquérito é altamente complexo. A Marta soube responder, eu também sei e o Tó também me parece que sim. E o resto do mundo?! Será justo deixarmos o resto do mundo a descabelar-se e a transpirar em desespero a tentar responder correctamente ao inquérito? Almas generosas que somos, não nos parece bem! Assim, em prol do bem comum, a Janela Indiscreta tem a honra de revelar, em exclusivo, a cábula para responder a este inquérito com uma avaliação de 100%: responder a todas as perguntas Monty Python, excepto à 3, à qual se deve responder Pythonline; à 6, à qual se deve responder Nenhum de Monty Python :(; e à 11, à qual se deve responder MONTY PYTHON! (as maiúsculas e o ponto de exclamação fazem toda a diferença).

posted by camponesa pragmática on 15:19


 
Encontrei uma memória do cheiro e com esforço resisti à tentação de roubá-la inteira. Trouxe só um bocadinho:

«As árvores ficavam mais verdes - disso tenho a certeza, a límpida memória - provavelmente porque as gotas da chuva lhes limpavam o pó.

No dia seguinte regressava-se à praia, mas a praia já não era a mesma. Havia humidade e a linha que separava a maré alta da areia seca tinha-se perdido. O Verão ia acabar.

Havia um tempo em que o tempo era assim, feito apenas de sinais. Agora, é a folha do filofax que me diz quando acaba o meu verão. E as folhas do filofax têm todas o mesmo cheiro.
»

Mas podem ler o resto aqui. Devem. Acho eu.

posted by camponesa pragmática on 14:06


 
Recebemos um mail e na resposta pedi o jpg do cartaz. De 27 de Setembro a 1 de Novembro todos os caminhos nos levarão ao Catacumbas, que vai estar cheio de fotografias do Bruno.



Está patente de 27 de Setembro a 1 de Novembro no Catacumbas Jazz Bar em Lisboa a exposição de fotografia "Jazz & Blues" de Bruno Espadana.

A exposição é composta por 16 fotografias capturadas em ensaios e concertos de bandas ligadas ao universo do Jazz e do Blues e pretende ligar a visão pessoal do fotógrafo sobre o ambiente muito próprio destes estilos musicais a um espaço que lhes é dedicado por excelência - o do Catacumbas Jazz Bar.

Bruno Espadana fotografa desde 2000, predominantemente em preto & branco, explorando sombras, contrastes e a figura humana. Recebeu menção honrosa pelo conjunto do seu trabalho no site Foto@pt (Fevereiro 2002). Recebeu menção honrosa no passatempo "Rostos de Mulher" da Revista CAIS (Agosto 2002). Tem trabalhos publicados no suplemento DN Jovem do jornal Diário de Notícias (portfolio "Engrenagens", Dezembro 2001), na Revista CAIS (Agosto 2002) e na revista Practical Photography (Outubro 2003). É membro do Grupo BZK, com o qual participou na exposição "Covers" (17 de Julho a 17 de Setembro de 2003, Padrão dos Descobrimentos).

posted by camponesa pragmática on 11:33


 

© Tom 7

posted by camponesa pragmática on 11:17


 
Fanny e Alexander (III)

Pronto, lá fui ao 222. Por mim passava um fim-de-semana inteiro numa ilha na condição de haver uma sala de cinema sempre a passar filmes de Bergman. Não consigo sequer pestanejar durante os filmes dele. São carregados de dramatismo e extremamente despojados de dramatismo. Estranhíssimos e muitíssimo naturais. E a composição de cada fotograma é uma coisa absolutamente soberba e sem explicação. E que intensidade!

Imagens perto de janelas em casa do bispo lembraram-me insistentemente estes quadros de Vermeer:





A mesma densidade da luz dourada, a mesma textura. Estrondoso.

E a dicotomia pequeno mundo/ grande mundo que no início remete para o mundo dentro e fora do teatro e que no fim remete para este mundo e o outro onde não estamos. Sem esquecer que a meio há um diálogo entre Óscar e Helena em que as fronteiras entre o mundo fora e dentro do teatro, este mundo e o outro onde não estamos, se compreendem afinal inexistentes.

E mais haveria a dizer se eu soubesse, mas não sei. E mais haveria a dormir esta noite se eu não estivesse aqui (na realidade não estou, isto é só um asterisco).

posted by camponesa pragmática on 02:43


quarta-feira, setembro 17, 2003  

A Sara comprou um livro do Loustal e fez-me recordar "Barney et la note bleue".

(a suivre) #94, Barney et la note bleue, chapitre 1: Besame mucho

Un soir d'été parfumé, au sud de l'Espagne. Dans des jardins de rêve, au pied d'une villa sumptueuse, un fête se termine. La nuit s'étire, les invités s'attardent et des bribes de conversation s' accrochent aux mesures de "Besame mucho", que joue l'orchestre près de la piscine. Et puis soudain, quelques notes reconnaissables entre toutes, qui déchirent le ciel étoilé.

Será que a banda desenhada tem swing?

posted by Anónimo on 22:24


 
Fanny e Alexander (II)



Meu filme “Fanny e Alexander” tem dois pais: um deles é E. T. A. Hoffmann.
Quase no final dos anos 70 estava previsto que eu encenasse “Os contos de Hoffmann” na Ópera de Munique. Comecei então a fantasiar a pessoa do verdadeiro Hoffmann, sentado na taberna de Lutero, doente, quase às portas da morte. Em minhas notas desse tempo, posso ler isto: “A morte está sempre presente. A Barcarola é a suavidade da morte. A cena em Veneza está empestada de podridão, de lascívia brutal, de fortes essências. A cena com Antónia é moderna, furiosa, assustadora. O quarto está povoado de sombras que dançam com as bocas abertas. O espelho da galeria é pequeno e cintila como uma arma assassina.”

Há uma novela de Hoffmann onde se fala de um quarto imenso, mágico. Achei que seria um quarto assim, o que se mostraria no palco, ficando a orquestra ao fundo.

Também existe uma ilustração de “Os contos de Hoffmann” que não me saía da memória. Ela é proveniente de “O quebra-nozes”. Nessa gravura vêem-se duas crianças de cócaras, na véspera de Natal, esperando que a árvore seja iluminada e as portas do quarto se abram.

O ponto de partida de “Fanny e Alexander” também é a celebração do Natal.

O outro pai deste filme é, evidentemente, Dickens: o bispo e a sua casa; o judeu na loja fantástica; as crianças como vítimas; o contraste entre um mundo fechado, preto e branco, e uma vida que floresce lá fora.


Ingmar Bergman, “Imagens”
© Martins Fontes

posted by Anónimo on 20:09


 



posted by camponesa pragmática on 15:23


 
FELIX RIGAU:




posted by camponesa pragmática on 14:50


 
Às vezes vejo claramente que ela está a inventar mas era assim que ela queria que acontecesse e eu, eu acredito em tudo o que me diz. O amor é uma questão de fé e tem asas de ouro.

Creio nos anjos que andam pelo mundo

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.

Natália Correia

posted by Anónimo on 14:22


 
Smoking/No Smoking






© Desenhos de Floch

O Cineclube de Joane faz amanhã 5 anos e, para comemorar, resolveu exibir dois filmes notáveis: Fumar e Não Fumar, de Alain Resnais

A não perder, hoje e amanhã na Casa das Artes, em Vila Nova de Famalicão às 21h30.


posted by Anónimo on 13:29


 

The White Horse, New York, 1962
© The Estate of André Kertész

posted by camponesa pragmática on 02:46


 
A distância - Esta montanha cria todo o encanto e todo o carácter da região que domina: tendo-nos dito isso pela centésima vez tornamo-nos bastante loucos e bastante reconhecidos para acreditar que, conferindo este encanto, deve ter em si própria o que há de mais encantador na região; subimos até ao cume e ficamos desiludidos. De repente o encanto desaparece das suas encostas, da paisagem que nos rodeia e daquela que se estende aos nossos pés; esquecemos que grande número de grandezas devem, como grande número de bondades, ser vistas a certa distância, e de baixo, pormenor capital, nunca do alto;... é só assim que fazem efeito. Talvez conheças pessoas do teu meio que só podem olhar-se a si próprias a uma certa distância para se julgarem suportáveis, sedutoras e tónicas; o conhecimento de si é uma coisa que se lhes deve desaconselhar.

Nietzsche, A Gaia Ciência
(trad. Alfredo Margarido/Guimarães Editores)

posted by camponesa pragmática on 02:33


 
Moral estelar

Predestinada à tua órbita,
Que te importa, estrela, a noite?
Rola, bem-aventurada, através do tempo!
Que a sua miséria te permaneça estranha.
A tua luz está destinada ao mais distante dos mundos:
A piedade deve ser-te um pecado.
Admite apenas uma lei: sê pura.

Nietzsche, A Gaia Ciência
(trad. Alfredo Margarido/Guimarães Editores)


M45 - The Pleiades Nebula and Cluster
© Jerry Lodriguss

posted by camponesa pragmática on 02:24


 
Vademecum-vadetecum

Agrado-te, os meus discursos atraem-te,
Queres seguir-me e seguir o trilho dos meus passos?
Segue-te fielmente a ti mesmo.
E assim me seguirás... muito suavemente, muito suavemente.

Nietzsche, A Gaia Ciência
(trad. Alfredo Margarido/Guimarães Editores)

posted by camponesa pragmática on 02:20


 
Intrepidez

Onde quer que estejas, cava profundamente,
Em baixo fica a fonte.
Deixa os homens sombrios gritar:
«Em baixo fica sempre o inferno.»

Nietzsche, A Gaia Ciência
(trad. Alfredo Margarido/Guimarães Editores)

posted by camponesa pragmática on 02:18


terça-feira, setembro 16, 2003  
No comboio descendente
Vinha tudo à gargalhada,
Uns por verem rir os outros
E os outros sem ser por nada -
No comboio descendente
De Queluz à Cruz Quebrada...

No comboio descendente
Vinham todos à janela,
Uns calados para os outros
E os outros a dar-lhes trela -
No comboio descendente
Da Cruz Quebrada a Palmela...

No comboio descendente
Mas que grande reinação!
Uns dormindo, outros com sono,
E os outros nem sim nem não -
No comboio descendente
De Palmela a Portimão.

Fernando Pessoa


© Carl De Keyzer/ Magnum

posted by camponesa pragmática on 15:48


 
Pode ser só um gato numa praça deserta. À direita alguma coisa lhe chama a atenção. Pode ser um pardal, a saltitar em busca de migalhas. Ou alguém que se move para lhe despertar a curiosidade. O gato hesita. Não é nada que conheça. Quer lá ir. Depois do disparo foi lá.

As fotografias têm essa vantagem. Podem ser o que se vê e/ou podem ser o que fica além do que se vê.

Também pode ser uma imagem da condição humana porque a praça é distorcida, grande, abandonada e o gato é muito mais pequeno que o espaço em volta. O movimento torna-o menos vulnerável, mas nunca se é completamente vulnerável, por maiores que sejam as praças.

Atrás desta há mais.


© Alex Webb/ Magnum Photos

posted by camponesa pragmática on 12:51


 

© Luís Forra/Lusa

posted by camponesa pragmática on 12:42


 
Hoje não tenho nada para fazer. O trabalho abrandou e, para passar o tempo, resolvi copiar o Rui Amaral. Fui ao Brasil. Por é quase Primavera.
Descobri que também gostava que existisse uma "máquina de exterminar chatos" e não me importava de cuspir bolinhas de ténis. Ver protótipo aqui em baixo à esquerda:



E que dizer deste livro? (colocado à direita, sem qualquer intenção, asseguro) Em meados de 1947, John Steinbeck e Robert Capa foram à União Soviética. Um escreveu e o outro fotografou. Ora leiam a apresentação de Um diário russo , feita pelo fotógrafo.

Tentei cortar o texto mas o Capa tem tanto humor (as descrições do triplo Steinbek e do sisudo Tchmarski são brilhantes) que não ousei. Quem não achar piada pode seguir até ao próximo post.

Não estou nada satisfeito. Dez anos atrás, quando comecei a ganhar a vida fazendo fotos de pessoas sendo bombardeadas por aviões decorados com pequenas suásticas, vi alguns aviõezinhos com estrelinhas vermelhas abatendo os que tinham suásticas. Isso aconteceu em Madri, durante a Guerra Civil, e foi algo que me deixou muito contente. Decidi então que gostaria de conhecer o lugar de onde vinham aqueles aviões de bicos trombudos e seus pilotos. Queria visitar e fotografar a União Soviética. Na época, encaminhei a primeira solicitação nesse sentido. Durante os últimos dez anos, meus amigos russos muitas vezes se revelaram irritantes e intoleráveis, porém, quando o tiroteio ficou sério, eles de algum modo acabaram no lado onde eu estava me esfalfando, o que me permitiu atormentá-los com minhas solicitações. Mas elas nunca tiveram resposta.
Na primavera passada, os russos conseguiram se tornar espetacularmente impopulares na minha seara, e houve um empenho considerável para que dessa vez disparássemos uns contra os outros. Como os discos voadores e a bomba atômica não são lá muito fotogênicos, decidi fazer mais uma solicitação, antes que fosse tarde demais. Dessa vez, encontrei apoio da parte de um sujeito de vasta reputação, sede insaciável e uma delicada simpatia pelos oprimidos. Seu nome é John Steinbeck, e seus preparativos para a viagem foram muito peculiares. Primeiro, disse aos russos que era um grande equívoco vê-lo como um dos pilares do proletariado mundial, pois na realidade poderia ser mais bem descrito como um legítimo representante da decadência ocidental, tão ocidental quanto os botequins mais decadentes da Califórnia. Também se comprometeu a escrever apenas a verdade, e quando educadamente perguntaram-lhe que verdade era essa, ele respondeu: "Não faço a menor idéia". E, após esse começo promissor, ele pulou de uma janela e quebrou o joelho.
Isso aconteceu meses atrás. Agora estou aqui no meio da madrugada, sentado em um lúgubre quarto de hotel, circundado por cento e noventa milhões de russos, quatro câmeras, dúzias de filmes expostos e muitos outros, mais ainda virgens, e por um Steinbeck adormecido, e não estou nada feliz. Os cento e noventa milhões de russos estão contra mim. Não estão promovendo acaloradas reuniões pelas esquinas, nem praticando o amor livre de modo espetacular, tampouco exibem qualquer tipo de moda revolucionária; na verdade, esse é um povo muito consciencioso, recatado e trabalhador, e, para um fotógrafo, tão enfadonho quanto uma torta de maçã. Além disso, parecem apreciar o modo de vida russo e não gostam nem um pouco de ser fotografados. Minhas quatro câmeras, acostumadas a guerras e revoluções, estão enfastiadas, e toda vez que as uso algo sai errado. Além disso, tenho de lidar com três Steinbeck, e não apenas um.
Meus dias são longos e começam com o Steinbeck matinal. Ao acordar, abro os olhos com todo o cuidado, e o encontro sentado à mesa. Diante de um grande caderno, ele finge que trabalha. Na realidade, está apenas esperando, atento aos meus menores movimentos. Ele está desmaiando de fome. Mas o Steinbeck matinal é um indivíduo muito tímido, absolutamente incapaz de usar o telefone e empreender a menor tentativa de articular uma conversa com garçonetes russas. Portanto, chega uma hora em que desisto, levanto da cama, agarro o telefone e peço o café da manhã em inglês, francês e russo. Isso o reanima a tal ponto que se torna arrogante. Seu rosto assume a expressão de um filósofo de aldeia bem pago, e ele diz: "Tenho algumas questões para você esta manhã". Evidentemente, ele passara três horas esfomeado preparando as malditas questões, que iam desde os hábitos à mesa dos antigos gregos até a vida sexual dos peixes. Eu me comporto como um bom americano e, ainda que pudesse responder a suas perguntas de maneira simples e clara, recorro aos meus direitos civis, recuso-me a esclarecê-lo, e deixo que a coisa seja enviada à Suprema Corte. Mas ele não desiste com facilidade, fica se vangloriando de seus conhecimentos universais, tenta me provocar com dicas e simpatia, e tudo isso me força ao exílio. Busco refúgio no banheiro, um lugar que simplesmente detesto, e me forço a permanecer na banheira revestida de lixa e cheia de água fria até a chegada do café da manhã. Às vezes isso leva um tempo considerável. Depois do café, consigo ajuda, pois Tchmarski chega. Não há fases matutinas e vespertinas no caráter de Tchmarski, ele é terrível o tempo todo.
Durante o dia, tenho de lutar contra cento e noventa milhões de leões que se recusam a ser fotografados, ao lado do senhor Tchmarski, que ignora a fotografia, e do Steinbeck matinal, que é tão perfeitamente ingênuo que todas as perguntas que lhe são dirigidas pela população russa curiosa e fascinada por seus heróis são respondidas com um amistoso resmungo, "sobre isso, não tenho a menor idéia". Depois dessa tremenda declaração, ele fica totalmente exaurido, fecha-se como uma ostra, e grandes gotas de transpiração escorrem por seu avantajado rosto de Cyrano. Em vez de fazer minhas fotos, sou obrigado a traduzir o estranho silêncio do senhor Steinbeck em sentenças inteligentes e evasivas, e aos trancos e barrancos seguimos nessa toada até o final do dia, quando nos livramos de Tchmarski e retornamos ao hotel.
Após um breve striptease mental, aparece o Steinbeck noturno. Esse novo personagem é perfeitamente capaz de erguer o telefone e pronunciar palavras como "vodca" e "cerveja", compreensíveis pelo garçom mais estúpido. Depois de ingerida certa quantidade desses líquidos, ele se torna articulado, fluente e expõe suas inúmeras e irretorquíveis opiniões sobre tudo e todos. Isso continua até encontrarmos alguns americanos que possuem esposas aceitáveis, cigarros e bebidas nativas, e mesmo assim não fogem de nós. Nessa altura, Steinbeck poderia ser descrito como um personagem bastante alegrinho. Se há uma mulher bonita numa festa, ele sempre se mostra disposto a me proteger, colocando-se entre mim e ela. Essa é a hora em que recuperou sua capacidade de conversar, e se eu tento salvar a inocente moça convidando-a para dançar, nenhuma perna quebrada o impedirá de se intrometer quase que no instante seguinte.
Depois da meia-noite, sua inocência adquire um vigor extraordinário. Ele prova isso com um único dedo. Começa perguntando aos inadvertidos maridos se conhecem o jogo do dedo. Então os dois cavalheiros sentam-se a uma mesa, um defronte ao outro, apóiam firmemente seus cotovelos na toalha e enlaçam seus dedos médios. Após certo esforço, o senhor Steinbeck em geral consegue empurrar a mão do marido até que ela toque na mesa, e logo se desculpa profusamente. Às vezes, noite já avançada, ele propõe esse jogo a seja quem for. Certa vez, até mesmo a um cavalheiro russo que todos, menos ele, estavam vendo que deveria ser um general.
Depois de um esforço de gentil convencimento e de uma longa dissertação sobre a dignidade, voltamos para o quarto. Agora já são mais de três da madrugada. Esta noite Steinbeck se metamorfoseou em sua personalidade madrugadora. Está deitado, agarrando com firmeza um grosso volume de poemas escritos há dois milênios, intitulado O cavaleiro em pele de tigre. Seu rosto está totalmente relaxado, a boca aberta e, emitindo ruídos graves e baixos, o homem ronca sem o menor constrangimento ou inibição.
Ainda bem que consegui emprestado um romance policial de Ed Gilmore, exatamente porque sabia que não conseguiria dormir e teria de ler até o amanhecer.
Bem, agora vou deixá-los, gentis leitores americanos, e faço questão de assegurar aos gentis leitores russos que tudo o que o senhor Tchmarski escrever sobre nós no Pravda é a mais absoluta verdade.



posted by Anónimo on 12:17


 




Londres nos anos sessenta. Um fotógrafo, um jogo de ténis com uma bola invisível, uma hélice, raparigas magrinhas com collants amarelos e lilás, vestidos saco, um concerto dos yardbirds, música de Herbie Hancock. Um crime no jardim?

Blow up, de Michelangelo Antonioni. Logo às 19h00 nos Cinemas Millenium Avenida em Coimbra.

posted by Anónimo on 11:29


 
O livre curso da poesia

O que se oferece no "Livre Curso Da Poesia": o "Cântico dos Cânticos" de Salomão, "O Imitador da Voz" de Thomas Bernhard, "Furor e Mistério" de René Char, "A Caça ao Snark" de Lewis Carroll, "Um Instrumento Musical" de Elizabeth Browning, "Eco e Narciso" de Ovídeo, "Livro de Apontamentos" de Sviatoslav Richter, "Ver" de José de Almada Negreiros, "Ópera do Malandro" de Chico Buarque, "Arte e Majestade" de Camaróm de La Isla, "A Guerra Santa" de René Daumal, "Uma Estranha Alegria de Viver" de Sandro Penna, "Palombella Rossa" de Nanni Moretti, "Obras Completas Para Dois Pianos" de Morton Feldman, "O Mimo Mnemónico" de Pietro Sor, "I Canção" de Luís de Camões, "A Palavra" de Carl Dreyer...

O que é essencial, então, ao atravessar "o livre curso da poesia", é manter a faculdade auditiva totalmente aberta, e ouvir as palavras mais do que olhar para elas - ouvir tão amplamente, profundamente e atenciosamente quanto possível, experimentando qualquer sussurro no ar da câmara de eco de todo o vosso corpo.

Mais informações: aqui.

posted by Anónimo on 11:03


 
agora chama-se teCA

Foi no Auditório Nacional Carlos Alberto que debutei. Passava tardes e noites a ver filmes, todos os que podia: ciclos temáticos que pareciam a promessa de uma cinemateca, sessões regulares dos cineclubes e as sensacionais maratonas do Fantasporto. Foi lá que vi os filmes de Tarkovsky pela primeira vez.
Os empregados já me reconheciam e trocavamos cumprimentos. Era a minha casa de cinema. Mas isso foi há muito tempo atrás.

Ontem abriu renovada. Li no jornal que os interiores estão irreconhecíveis. É natural, o interior do Carlos Alberto era familiar mas parecia uma sala da província. Uns corredores cinzentões, uns veludos fora de moda. Tudo tão anónimo, pouco moderno e sem futuro num tempo que gosta de brilhos normalizados.

Ainda não entrei no teCA no entanto há algo que me desgosta: o arquitecto manteve a fachada. Não sei se terá sido imposição mas teria preferido que a retirassem, que fizessem verdadeiramente tábua rasa. Não gosto deste travestismo arquitectónico.

posted by Anónimo on 10:15


 
Comprovei agora mesmo.

RDP Calou o Mais Belo Sinal Horário do Mundo , escreve Adelino Gomes no Público de hoje

Vai o ouvinte embalado pela voz e pelos sons de António Cartaxo para as 10 da manhã e nem quer acreditar nas horas que um "mixing" surpreendente e agressivo lhe anuncia. Mudança automática de frequência, pensa, aborrecido. O anúncio de estação logo a seguir mostra-lhe que não há engano. Aquilo é mesmo a Antena 1. O que acabou foi o sinal horário.

Assim de repente, sem aviso prévio, deitou-se borda fora um património sonoro que acompanhou três gerações de ouvintes de rádio. Mais do que o logótipo, mais até do que a sigla - ambos com menos de trinta anos e infelizmente de uma triste banalidade - , muito mais do que os indicativos com que cada novo director parece querer ganhar o seu lugar na eternidade radiofónica, o sinal que até ontem nos anunciava a hora certa na RDP (antes, na Emissora Nacional) era a imagem de marca, o referencial estético sonoro do serviço público de Radiodifusão.

Tão diferente era de todos os outros quanto esta síntese amalgamada de nervosos "pis" se confunde agora com a de todas as outras estações do espectro radiofónico.

Sim, aquele era - sustentei neste mesmo jornal há nove anos quando outros decisores o calaram, felizmente por pouco tempo - o mais belo sinal horário do mundo. Ouvi-lo, assim solene e límpido, era regressar à magia dos dias do sanfilismo. Os burocratas que o suprimiram não devem nunca ter amado a Rádio, concluía então.

Julgo que seria injusto repeti-lo neste momento. As mudanças a que temos assistido nos últimos meses na Antena 1 são no geral positivas. Em particular as novidades que nos foram oferecidas ontem no programa da manhã deste canal. Razão suplementar para que não se aceite sem um protesto público esta substituição. Que afecta, aliás, todos os canais, nacionais e internacionais, da RDP.

Argumentarão os responsáveis com a excessiva duração do "velho" sinal horário. Por isso lhe cortaram 15 dos 20 segundos que demorava no "ar". Como se deles necessitassem para algum anúncio a algum sabonete. Mostrando que não entenderam que aqueles momentos sem palavra antes da hora eram, num tempo de frenesim e caos informativo, a pausa de reflexão, o sereno respirar fundo que nos prepara para a entrada numa outra hora do resto das nossas vidas..

posted by Anónimo on 10:04


segunda-feira, setembro 15, 2003  
A Lídia já o publicou em inglês mas houve alguém que, um dia, reparou que tinha perdido este livro. Por isso aqui fica a tradução de Maria Teresa Guerreiro.

Passos Tristes

Voltando para a cama aos apalpões depois de mijar
Abro as espessas cortinas e sinto um sobressalto
Ao ver as nuvens velozes e a limpidez da lua.

Quatro da manhã: os jardins de sombras agrestes
Sob um céu cavernoso, espicaçado pelo vento.
Há nisto tudo algo que me faz rir,

A lua a correr por entre as nuvens ralas
Como fumo de canhão acaba por de destacar
(Luz cor de pedra aguça as arestas dos telhados)

Elevada, insensata e solitária –
Pastilha do amor! Medalhão da arte!
Oh, lobos da memória! Imensidões! Não,

Virado lá para cima, sinto um leve arrepio.
Esse olhar tão singularmente duro e claro
Tão amplo, tão fixo e penetrante

Traz à memória a intensidade e a dor
De ser jovem; e recorda que nada disso vai voltar,
Mas existe plenamente, noutro sítio, para outros

Philip Larkin
© Fora do texto

posted by Anónimo on 23:03


 
Este é o meu filme preferido de Ingmar Bergman. Estou sempre disposta a revê-lo e, cada vez que o faço, fico encantada. Mas tenho muita dificuldade em falar dele. Há no filme algo de inefável que não quero desvendar. Nada mais direi sobre "Fanny e Alexander" mas Bergman sim. Hoje e nos próximos dias iremos publicar depoimentos do cineasta. Começamos com excertos de uma entrevista concedida à revista "Positif" (nº 289, Março 1985) e traduzida pela zero em comportamento

Por favor, marquem na agenda, desfaçam compromissos mas não percam esta maravilha! Ah sim e agradeçam à zero em comportamento

Fanny e Alexander (I)



(...) Não é muito fácil dizer-vos como é que a história de "Fanny e Alexander" começou porque não houve verdadeiramente um ponto de partida. Eu estava de férias na minha ilha, sem nada para fazer, e pus-me a escrever. Estava bom tempo e era Outono, a minha estação preferida. Não tinha um objectivo preciso, não estava a pensar nem num filme, nem numa peça de teatro, nem num romance. (...) A única coisa que posso dizer - não gosto muito de fazer comentários sobre os meus filmes porque eles são-me muito próximos - é que foi um período maravilhoso da minha vida, enquanto escrevia o argumento e durante a rodagem. (...)
Eu amo a vida, as mulheres, o vinho, a comida, a música, a natureza. Mas nasci com mais qualquer coisa. Desde a minha mais tenra infância - tenho dela memórias muito vivas e não tem nada a ver com a minha educação - eu vivo com o medo. Este medo pode ser muito grande. Pode dizer respeito à minha família, à morte, à vida política, tudo o que me rodeia. (...)
Quando somos jovens, temos muitas emoções, mas também somos muito intolerantes. Eu, pelo menos, era assim. Não gostava disto ou daquilo, rejeitava uma série de coisas, era um rapaz zangado com um mau estomâgo. Hoje em dia estou mais velho e gosto de todo o tipo de emoções e também das dos outros, mesmo quando eles não apreciam aquilo que eu faço.

(...)
Vivi no seio de uma família muito burguesa. Conheci famílias do mesmo meio. E em "Fanny e Alexander" é destas famílias que eu falo, das minhas próprias experiências, do virar do século. (...)
Dizem-me que "Fanny e Alexander" é divertido e que isso é curioso porque os meus outros filmes são muito sérios. Sabem, é difícil falar destas coisas, mas eu fiz há quase trinta anos uma comédia, "Sorrisos de uma Noite de Verão", e contudo foi o período pior da minha vida; todos os dias tinha vontade de me suicidar. Em contrapartida, divertimo-nos imenso a filmar "Lágrimas e Suspiros", um filme muito trágico! Isto é tudo irracional e não se pode explicar. (...)
A maior parte de nós é, no fundo, uma criança, com comportamentos que nos ligam à nossa consciência de adultos. Como sabem, enquanto crianças, ficamos fascinados com os contos de fadas, com a magia, com o mistério. Como eu me sinto muito próximo da minha infância, não foi difícil lembrar-me de que eu então pensava sobre a vida, sobre a morte e os demónios. (...)
Durante muito tempo, procurei um outro título para este filme. Pensava que não lhe podíamos chamar assim. Depois, apercebi-me que assim é que convinha porque dei-me conta de que todos os personagens - mesmo a avó - são como crianças. Por vezes, vêmo-los do ponto de vista da Fanny e do Alexander, outras vezes não. Mas em todo o caso, eles são sempre vistos do ponto de vista da minha infância.


Ingmar Bergman


16, 17, 18, 19 e 22 de Setembro, às 18h00 e 21h45
Cine-Estudio 222, Av. Praia da Vitória, 37, (ao Saldanha)


posted by Anónimo on 21:15


domingo, setembro 14, 2003  
Um homem com qualidades



Today I start a diary; it is against my usual habbits, but out of a clearly felt need.

After four years of cutting up it gives me the opportunity to find back the intellectual developement which I think is mine.

I will attempt to reach for the "banners of a never fought battle". The thoughts of my emotionally so disturbed days must be found again, shifted and developed further. Here and there something of the loose remarks I make must be used, but only when it finds my attention again.

Personal notes I will not, or only seldom, make, and only then when I believe that it will be of philosophical interest to me to remember them.

All thoughts concerning the 'science of man' must be written down in it. Not the philosophical. Drafts. Now and then a poem that seems worth remembering. Absolute expressions. This being the matter with style. Not only attention on what one says, but also on how it is said. Find a style that is mine. So far I tried to say the unsayable with direct words. This points to a one-directional intellect. The will to turn expression int an instrument for myself should be at the beginning of this 'cahier'.


Robert Musil escrevia assim, em 1905, as intenções dos seus diários.

Para quem quiser conhecer melhor o escritor, há uma boa notícia aqui

posted by Anónimo on 20:05


 
ondas curtas

1.
Coincidências. O livro do Larkin, soube na sexta-feira, antes de vir comigo tinha estado nas mãos da Lídia.

2.
Esplanadas de verão. O melhor pôr do sol: ontem ao fim da tarde na Praia de Gondarém. O melhor som do mar: hoje de manhã na Praia dos Ingleses. A melhor distracção: assistir ao movimento do

Porto de Leixões

Chega-se tarde e é domingo
O porto é um rio desencadeado
Os pobres emigrantes à espera de que as autoridades venham a bordo são brutalmente sacudidos em míseros barquinhos que rolam uns sobre os outros sem ir ao fundo
O porto tem um olho doente o outro vazado
E um enorme guindaste inclina-se como um canhão de longo alcance

Blaise Cendrars
(traduzido por Pedro Silveira)

3.
Estive a fazer as contas e reparo com tristeza e desespero que já não vou ao cinema há mais de um mês. Não aguento mais. As estreias (e o cinecartaz tem toda a razão) não me puxam mas felizmente há uma boa reposição: Donnie Darko. Volto já...



posted by Anónimo on 16:06


 
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